O Museu Victor Meirelles abre nesta quarta-feira, dia 14 de dezembro, às 19 horas, a exposição Lugares da Memória, com trabalhos realizados em conjunto pelas artistas Consuelo Schlichta e Marília Diaz.
A mostra está organizada a partir de objetos e lugares que despertam o passado: gavetas transformadas em nichos dos registros mnemônicos do processo vivido pelas artistas que, ao longo de dois anos de pesquisa, coletaram, descartaram, selecionaram e organizaram objetos ordinários dos gêneros mais variados.
A exposição que vem ao Museu Victor Meirelles, na verdade, é um recorte de uma outra mostra realizada no Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, de março a junho de 2010, intitulada Um Lugar Tempo. Por razões de adequação de espaço as artistas optaram por esta seleção, com a intenção de trazer o olhar excessivamente exteriorizado para dentro e para trás e, assim, dar a ver alguns dos seus tempos.
Lugares da Memória é enfim um inventário dos lugares onde se guarda objetos-lembranças, altera-se a significação dos objetos transplantados do mundo comum para o mundo da arte, como as cadeiras na obra A Espera. Vazias, convidam ao compartilhamento de um agora e a reconstituir o que levou as duas artistas a estar ali, alheias ao mundo real, a deixar ver seus corpos desnudos, que têm marcas, que guardam lembranças.
Na obra Passé Composé a linha que divide o que está à frente do que está atrás se apaga, coexistem presença e ausência, pretérito, presente e futuro andam lado a lado. São os tempos das artistas: o próprio e o figurado, o analógico e oculto, o próximo e o longínquo, o especulativo e o experimentado. São os lugares de morte, do visível do invisível, do labirinto, do infinitamente divisível, dos retratos de costas.
Cerimônia de Evocação é um trabalho que propõe gavetas como lugares onde se expõem coisas, ou ao contrário, onde se deixa longe dos olhos. Apenas lugares onde se guardam as memórias, experiências da permanência, fragmentos de nós mesmos que se deseja decifrar. Lugares que se desdobram, como o porão e o sótão onde se guardam tudo, desde os espíritos do lugar até as fotografias, lugares de saudade.
Já a obra Poupée à Habiller nos permite refletir sobre o papel feminino apre(e)ndido historicamente, a partir de cunhagens sedimentadas desde a mais tenra idade. Os brinquedos, os vestuários separam os gêneros, determinam o lugar do corpo. Roupas para isso e para aquilo, roupas para ritos de passagem. O vestido de noiva, mumificado pela ação da goma amendoada pelo chá como manifestação do tempo, eterniza como que fotograficamente a imagem do rito. A sobreposição dos contextos: infância e adultidade se dá no entorno polvilhado de vestidos de bonecas em papel.
Consuelo e Marília ressaltam que “em Lugares da Memória, não se procura reconstituir; não há histórias com começo, meio e fim. Apenas nichos repletos de pulos e vazios que se interrompem e, assim como os mapas, indicam percursos de olhar sobre as lembranças dos dias, onde coexistem histórias, presença e ausência”.
A exposição Lugares da Memória fica no Museu Victor Meirelles até 16 de fevereiro de 2012, com visitação de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas. Como sempre acontece nas aberturas de exposição, as artistas estarão participando, às 18 horas, do Encontro com o Artista, uma conversa com o público que antecede o vernissage.
Diálogos com a Desterro
No mesmo dia 14, na sala onde está a exposição de longa duração "Construção", será aberta ao público a nova edição do projeto "Diálogos com a Desterro", projeto que convida artistas e obras pertencentes a coleções públicas e particulares para dialogarem com a obra "Vista do Desterro (atual Florianópolis)", 1851, de Victor Meirelles.
Desta vez, o convidado é o artista Bruno Bachmann, que vive e trabalha em Blumenau/SC. Seu trabalho, intitulado "Dentro do dentro do Desterro" será uma pintura realizada especialmente para o Museu Victor Meirelles, aplicada diretamente sobre o painel expositivo. A obra compõe sua trajetória onde, segundo o próprio artista, repetem-se os seguintes temas: "a ordem na desordem, o caos, a falta de sentido, a beleza, a miséria, o sofrimento, a condição do ser humano em toda a sua obsessão, a vontade de viver e do inevitável sentimento de autodestruição que existe dentro dos homens. Junto a isso, o nonsense e os erros que se transformam em desenhos feitos com cores fortes e chamativas". Desde 2005, “Diálogos com a Desterro” já contou com artistas como Brigida Baltar, Carlos Asp, Daniel Acosta, Dora Longo Bahia, Julia Amaral e Paulo Gaiad, entre outros.
Os artistas
Consuelo Schlichta é doutora em História e mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Administração e Planejamento da Educação Pública no Brasil/UFPR possui Curso de Extensão em Arte e Educação – Atlantic State University, Savannah, Georgia/EUA. Atualmente é professora de Fundamentos do Ensino da Arte e de Desenho no Bacharelado e na Licenciatura em Artes Visuais, na UFPR. Integra o Grupo de Pesquisa Educação e Marxismo – UFPR e o Grupo Artes Visuais: Teoria, educação e poética.
Marília Diaz é graduada em Educação Artística pela Faculdade de Educação Musical do Paraná e em Pedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná. Possui Curso de Aperfeiçoamento em Arte Educação – SEAC/PR, Curso de Especialização - Psicodrama Pedagógico - Clínica Contexto/PR e Curso de Especialização em Metodologia da Arte no Ensino Superior pela UFPR, FEMP/PR. É mestre em Educação - Linha de Pesquisa Arte - Educação – UFPR.
Bruno Bachmann é um jovem artista nascido em 1985. Segundo ele, "a vida conturbada dos anos 1990 o transformaram em artista/desenhista, não convencional, mas de grande sinceridade introspectiva". Em 2008, participou de exposições coletivas realizadas no Museu de Arte de Blumenau, na Aliança Francesa e nos eventos "Groove 4 fun" e na programação multicultural da Rádio Comunitária Fortaleza, no projeto Pretexto de Blumenau pelo SESC-SC. Em 2009, participou da exposição Butiquin Wollstein, na exposição “Depois do Jardim”, do SESC-Blumenau, Em 2010, foi selecionado e premiado no Salão Elke Hering de Blumenau. Participou das exposições coletivas “Cartografia do Avesso”, “Os novos colonos” (com Everton Duarte e Nestor Jr.), “Eu Rio, o Rio”, todas no SESC-Blumenau.
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Lugares da Memória
Exposição de Consuelo Schlichta e Marília Diaz
Abertura dia 14 de dezembro, às 19 horas
Encontro com o Artista, às 18 horas
Visitação até 16 de fevereiro de 2012
Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 – Centro – Florianópolis
Tel. 48 3222-0692
Diálogos com a Desterro
Dentro do dentro do Desterro, de Bruno Bachmann
De 14 de dezembro de 2011 até 11 de abril de 2012
A mostra está organizada a partir de objetos e lugares que despertam o passado: gavetas transformadas em nichos dos registros mnemônicos do processo vivido pelas artistas que, ao longo de dois anos de pesquisa, coletaram, descartaram, selecionaram e organizaram objetos ordinários dos gêneros mais variados.
A exposição que vem ao Museu Victor Meirelles, na verdade, é um recorte de uma outra mostra realizada no Museu de Arte Contemporânea de Curitiba, de março a junho de 2010, intitulada Um Lugar Tempo. Por razões de adequação de espaço as artistas optaram por esta seleção, com a intenção de trazer o olhar excessivamente exteriorizado para dentro e para trás e, assim, dar a ver alguns dos seus tempos.
Lugares da Memória é enfim um inventário dos lugares onde se guarda objetos-lembranças, altera-se a significação dos objetos transplantados do mundo comum para o mundo da arte, como as cadeiras na obra A Espera. Vazias, convidam ao compartilhamento de um agora e a reconstituir o que levou as duas artistas a estar ali, alheias ao mundo real, a deixar ver seus corpos desnudos, que têm marcas, que guardam lembranças.
Na obra Passé Composé a linha que divide o que está à frente do que está atrás se apaga, coexistem presença e ausência, pretérito, presente e futuro andam lado a lado. São os tempos das artistas: o próprio e o figurado, o analógico e oculto, o próximo e o longínquo, o especulativo e o experimentado. São os lugares de morte, do visível do invisível, do labirinto, do infinitamente divisível, dos retratos de costas.
Cerimônia de Evocação é um trabalho que propõe gavetas como lugares onde se expõem coisas, ou ao contrário, onde se deixa longe dos olhos. Apenas lugares onde se guardam as memórias, experiências da permanência, fragmentos de nós mesmos que se deseja decifrar. Lugares que se desdobram, como o porão e o sótão onde se guardam tudo, desde os espíritos do lugar até as fotografias, lugares de saudade.
Já a obra Poupée à Habiller nos permite refletir sobre o papel feminino apre(e)ndido historicamente, a partir de cunhagens sedimentadas desde a mais tenra idade. Os brinquedos, os vestuários separam os gêneros, determinam o lugar do corpo. Roupas para isso e para aquilo, roupas para ritos de passagem. O vestido de noiva, mumificado pela ação da goma amendoada pelo chá como manifestação do tempo, eterniza como que fotograficamente a imagem do rito. A sobreposição dos contextos: infância e adultidade se dá no entorno polvilhado de vestidos de bonecas em papel.
Consuelo e Marília ressaltam que “em Lugares da Memória, não se procura reconstituir; não há histórias com começo, meio e fim. Apenas nichos repletos de pulos e vazios que se interrompem e, assim como os mapas, indicam percursos de olhar sobre as lembranças dos dias, onde coexistem histórias, presença e ausência”.
A exposição Lugares da Memória fica no Museu Victor Meirelles até 16 de fevereiro de 2012, com visitação de terça a sexta-feira, das 10 às 18 horas. Como sempre acontece nas aberturas de exposição, as artistas estarão participando, às 18 horas, do Encontro com o Artista, uma conversa com o público que antecede o vernissage.
Diálogos com a Desterro
No mesmo dia 14, na sala onde está a exposição de longa duração "Construção", será aberta ao público a nova edição do projeto "Diálogos com a Desterro", projeto que convida artistas e obras pertencentes a coleções públicas e particulares para dialogarem com a obra "Vista do Desterro (atual Florianópolis)", 1851, de Victor Meirelles.
Desta vez, o convidado é o artista Bruno Bachmann, que vive e trabalha em Blumenau/SC. Seu trabalho, intitulado "Dentro do dentro do Desterro" será uma pintura realizada especialmente para o Museu Victor Meirelles, aplicada diretamente sobre o painel expositivo. A obra compõe sua trajetória onde, segundo o próprio artista, repetem-se os seguintes temas: "a ordem na desordem, o caos, a falta de sentido, a beleza, a miséria, o sofrimento, a condição do ser humano em toda a sua obsessão, a vontade de viver e do inevitável sentimento de autodestruição que existe dentro dos homens. Junto a isso, o nonsense e os erros que se transformam em desenhos feitos com cores fortes e chamativas". Desde 2005, “Diálogos com a Desterro” já contou com artistas como Brigida Baltar, Carlos Asp, Daniel Acosta, Dora Longo Bahia, Julia Amaral e Paulo Gaiad, entre outros.
Os artistas
Consuelo Schlichta é doutora em História e mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Administração e Planejamento da Educação Pública no Brasil/UFPR possui Curso de Extensão em Arte e Educação – Atlantic State University, Savannah, Georgia/EUA. Atualmente é professora de Fundamentos do Ensino da Arte e de Desenho no Bacharelado e na Licenciatura em Artes Visuais, na UFPR. Integra o Grupo de Pesquisa Educação e Marxismo – UFPR e o Grupo Artes Visuais: Teoria, educação e poética.
Marília Diaz é graduada em Educação Artística pela Faculdade de Educação Musical do Paraná e em Pedagogia pela Universidade Tuiuti do Paraná. Possui Curso de Aperfeiçoamento em Arte Educação – SEAC/PR, Curso de Especialização - Psicodrama Pedagógico - Clínica Contexto/PR e Curso de Especialização em Metodologia da Arte no Ensino Superior pela UFPR, FEMP/PR. É mestre em Educação - Linha de Pesquisa Arte - Educação – UFPR.
Bruno Bachmann é um jovem artista nascido em 1985. Segundo ele, "a vida conturbada dos anos 1990 o transformaram em artista/desenhista, não convencional, mas de grande sinceridade introspectiva". Em 2008, participou de exposições coletivas realizadas no Museu de Arte de Blumenau, na Aliança Francesa e nos eventos "Groove 4 fun" e na programação multicultural da Rádio Comunitária Fortaleza, no projeto Pretexto de Blumenau pelo SESC-SC. Em 2009, participou da exposição Butiquin Wollstein, na exposição “Depois do Jardim”, do SESC-Blumenau, Em 2010, foi selecionado e premiado no Salão Elke Hering de Blumenau. Participou das exposições coletivas “Cartografia do Avesso”, “Os novos colonos” (com Everton Duarte e Nestor Jr.), “Eu Rio, o Rio”, todas no SESC-Blumenau.
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Lugares da Memória
Exposição de Consuelo Schlichta e Marília Diaz
Abertura dia 14 de dezembro, às 19 horas
Encontro com o Artista, às 18 horas
Visitação até 16 de fevereiro de 2012
Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 – Centro – Florianópolis
Tel. 48 3222-0692
Diálogos com a Desterro
Dentro do dentro do Desterro, de Bruno Bachmann
De 14 de dezembro de 2011 até 11 de abril de 2012
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