Amilcar de Castro, Sem título, 1992. Coleção XX/XXI, acervo do Museu Victor Meirelles/IBRAM/MinC.
O que podem ter em comum uma exposição de arte e um livro sobre astrofísica e cosmologia? A pergunta, que aparentemente busca afinidades, aponta na verdade para possíveis e naturais disparidades, já que os campos artístico e científico, na maioria das vezes só se revelam nas frases dos poetas ou nos limites da filosofia.
Pois são estas – e outras – provocações, envolvendo o universo e tudo o que cabe dentro dele, que estão na exposição “A Cada Peça um Universo: a construção de uma coleção de arte”, que o Museu Victor Meirelles abre nesta quinta-feira, dia 1º de março, às 19 horas. Às 18h, ao invés do tradicional Encontro com o Artista, será realizada uma conversa com membros da equipe do Museu que realizaram a curadoria: Anderson Loureiro (assessor de Comunicação), Fernando Boppré (Programa de Ação Educativa e Exposições) Rafael Muniz de Moura (museólogo) e Simone Rolim de Moura (Programa de Ação Educativa).
Assim como no livro do físico inglês Stephen Hawking, O Universo Numa Casca de Noz, aqui o cosmos também tem a sua amplitude e grandiosidade e os eventos universais são também eventos pessoais, individuais, quem sabe até caberiam no universo que há numa casca de noz. Ambos, livro e exposição, tentam demonstrar os vários mundos que existem, simultâneos ou não, em cada peça cósmica-artística. No caso da exposição, a referência às peças está justamente na representação de cada uma delas dentro do acervo do Museu, pois que são exatamente as obras que falarão deste acervo, o que ele é e ao que ele se propõe.
“A Cada Peça um Universo” é composta de obras de arte da Coleção XX/XXI, muitas delas doadas ao Museu ao longo dos anos, em sua maioria pelos próprios artistas, ao final de suas exposições. Algumas são, inclusive, objeto de pesquisas acadêmicas e, eventualmente, participam de exposições em outros museus, quando solicitadas.
A ideia da exposição ”A Cada Peça um Universo” surgiu em função do momento pelo qual o Museu Victor Meirelles está passando, de reformulação do Plano Museológico, documento que funciona como uma espécie de estatuto de um museu ou seu plano diretor. Outro instrumento em elaboração faz referência à Política de Acervos do Museu Victor Meirelles, que visa apontar as diretrizes para a aquisição e o descarte de obras, se necessário, nos próximos anos. Com o desenvolvimento destes e outros trabalhos conjuntos surgiu a ideia de mostrar o conteúdo, diria universo, deste acervo não tão bem conhecido do público como deveria. Daí em diante toda a equipe do museu se reuniu para analisar e escolher as obras que iriam fazer parte da exposição. O resultado será mostrado através de quatro módulos ou núcleos expositivos, distribuídos na Sala de Exposições Temporárias.
Os Núcleos
Um Pouco de Tudo – é um núcleo que busca apresentar as diversas variáveis constantes na coleção que, em boa medida, é uma pequena amostra do caráter heterogêneo das artes plásticas/visuais dos últimos cem anos: fotografias, nanquim sobre papel, Florianópolis, nuvens, vídeos, lambidas, memórias e travessuras. Telas, entrelinhas, máquinas de fazer suco, o rosto de uma filha. É pau (xilogravura), é pedra (litogravura), é o fim do caminho (a obra Apocalipse, de Martin Grossmann).
Diálogos com a Desterro – neste núcleo um grupo de obras será exposto e trocado por outro ao longo do período da exposição. A programação e informações sobre as peças da Coleção XX/XXI, estarão no blog http://museuvictormeirelles.blogspot.com. O visitante será levado a exercitar o pensamento histórico através de paisagens e também será convidado a produzir suas próprias imagens e apresentá-las na exposição. Imagens que tenham alguma relação de afeto com o seu autor, que registram o passado da Nossa Senhora do Desterro ou de Florianópolis, fotografias antigas de família, que possibilitem notar a cidade, a paisagem por detrás das pessoas, todas serão bem-vindas e estarão expostas em um monitor, neste núcleo.
Livros de Artistas – menos de 5% da Coleção é composta por livros de artistas. Modalidade cada vez mais trabalhada na contemporaneidade, estas publicações apresentam trabalhos artísticos em suporte diferenciado. Neste núcleo a sensação de neblina produzida pelos elementos gráficos no livro artesanal de Roberto Freitas dialoga com a imprecisão da retina diante de “O Livro Velázquez”, de Waltércio Caldas. Já a publicação de Rosângela Rennó aborda o desaparecimento de peças ocorrido na Biblioteca Nacional, no ano de 2005, e coloca em pauta, de uma parte, questões relativas ao roubo de documentos e obras de arte e, de outra parte, o esquecimento como uma das facetas da história.
Novas Aquisições – neste núcleo encontram-se algumas peças que passaram a compor o acervo do Museu Victor Meirelles nos últimos cinco anos. Algumas foram doadas pelos próprios artistas e outras adquiridas pela Associação dos Amigos do Museu Victor Meirelles.
Artistas
Aldo Nunes ● Álvaro Diaz ● Amilcar de Castro ● André Rigatti ● Bettina Vaz Guimarães
● Carlos Asp ● Elke Hering ● Fayga Ostrower ● Fernando Lindote ● Gilda Vogt Maia
Rosa ● Gerson Tavares ● Jandira Lorenz ● Leonilson ● Lú Pires ● Luiz Rodolfo
Annes ● Marcelo Grassmann ● Renata de Andrade ● Roberto Burle Marx ● Roberto
Freitas ● Rosângela Rennó ● Sérgio Bonson ● Waltércio Caldas
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